Sim, lá pelos 20 e tantos anos você aprende uma pá de coisas. Aprende até sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. É, acho que isso aí a gente já devia nascer sabendo não é mesmo, Shakespeare? Mas se tem uma coisa que as primaveras a mais, que pesam nos ombros e nos fios brancos perdidos, ensinam é a dar adeus.
Contrariando o Leonardo, porque o Leandro nessa altura do campeonato na outra vida já deve ter aprendido, lá pelas tantas dos 20 e muitos a gente aprende a dar adeus sim. A gente dá adeus pra aquele jeans 36 que está guardado há 5 anos na esperança de caber de novo. Dá adeus as cachaçadas de segunda a segunda porque a ressaca está ficando cada dia pior. Dá adeus às manhãs terríveis de quando você chega no trabalho virada em plena quarta-feira. Dá adeus às cochiladas depois do almoço. E um adeus bem bonito pra “Malhação” que você assistia todos os dias. Daí, mesmo que pareça frieza ou até rabugice, chega uma hora que você aprende a dizer adeus pra pessoas também. Começa com aquele carinha que você conheceu na balada e que só quer te usar, mas que você achou que era o amor da sua vida só porque ele cantarolou Los Hermanos no seu ouvido. E…tchãram… De repente dizer adeus não parece mais tão doloroso como era antigamente. Você diz adeus a um amigo depois de uma briga e muitas tentativas sem sucesso de reconciliação. Você diz adeus pra sua noiva porque entendeu que o casamento não ia salvar uma relação fria e turbulenta. Você diz adeus aquele casamento de fachada que sustenta porque a sociedade te exige uma aliança na mão esquerda pra ser respeitável. É tanto adeus que a gente aprende que eu poderia continuar a tarde inteira listando.
Até que uma hora a vida depois do Adeus não é mais aquele mar de lamentações e espinhos que te torturava a alma como era antes. Sim, você sofre, chora, sente falta, afinal você só amadureceu, não virou o Chuck Norris. Mas você sobrevive, continua a vida, segue em frente e vive bem, porque finalmente entendeu que um adeus é só mais uma parte do processo. Sem peso, sem culpa, sem arrependimento, sem remorso. É só mais uma despedida leve de quem apenas deixa ir porque entendeu que aquilo não é mais você e não cabe mais no mesmo lugar. Pode até soar estranho no início, mas é como diz a Elsa no castelo de gelo LET IT GO! Essa rainha sabe das coisas.